terça-feira, 13 de setembro de 2011

MÚSICO NÃO PODE DAR AULA EM ESCOLAS PÚBLICAS?

MÚSICO NÃO PODE DAR AULA EM ESCOLAS PÚBLICAS?
ELZA MARTINS - Pedagoga


Escolas públicas e privadas de todo o Brasil têm até 2011 para incluir o Ensino de Música, obrigatório em toda a Educação Básica dentro da grade curricular. Desde que foi instituída a Lei nº.11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008 pelo Presidente Lula, vetando o artigo que previa a exigência de licenciatura específica de música para os professores, a novidade está dividindo opiniões sobre quem deve dar estas aulas.

Músicos de todos os cantos estavam otimistas com a possibilidade de um novo campo de atuação na área de ensino, porém, a empolgação sofreu um banho de água fria, porque a lei prevê que, quem ministrará estas aulas são professores de arte, que estão recebendo curso básico de 40 horas para poder aplicar a disciplina em sala de aula.

Assim, subentende-se que os professores que não são músicos poderão dar aula de música, enquanto músicos que não são professores de arte não poderão ensinar música, um contraponto a ser pensado, pois, o que impede o músico de dar aula e o que classifica um professor de artes à ensinar música?

Assim como, para o músico falta o conhecimento teórico da pedagogia, metodologias do ensino aprendizagem, fundamentos da psicologia e desenvolvimento das práticas regulares – Didática, falta para o professor o conhecimento do solfejo, da escrita musical, da história da música e principalmente na maioria dos casos o talento, a sensibilidade de tocar um instrumento e dele extrair música que difunde as mais diversas sensações e sentimentos.
Partindo do pressuposto que a criança aprende interagindo com o meio, podemos afirmar que aprender música, tocar um instrumento, cantar, também é rir, imaginar, brincar, conhecer e certamente ajudará as crianças a se alfabetizarem nas múltiplas linguagens, o uso deste instrumental no espaço escolar, prevalecem as dimensões produtivas, informativas e cognitivas e não somente lúdicas ou afetivas.
Será que não é um momento de se ter um novo olhar e pensar em habilitar estes músicos pedagogicamente a favor do melhor resultado para nossas crianças?

MÚSICO NÃO PODE DAR AULA?

Nas escolas em música as turmas infantis são pequenas, as aulas são ministradas por Professores de música que embora sem licenciatura pedagógica, são especialistas graduados e pós graduados na sua especificidade.
Há escolas hoje em dia na rede de ensino onde a música faz parte de suas atividades extracurriculares, como no caso da escola Dom Bosco, localizada na zona leste de São Paulo, que possui musicalização para as séries iniciais, flautas intermediárias, canto nas 8ª Série além da participação de alunos com outras habilidades em diversos instrumentos.

E os projetos sociais?

Quantas vezes o desenvolvimento musical é ferramenta para inclusão social de milhares e milhares de crianças como Projeto Pracatum de Carlinhos Browm, reconhecido internacionalmente, Instituto Bacarelli na favela o Heliópolis, Projeto Guri, Educar para a Paz e tantos outros, vidas de crianças e adolescentes resgatadas de uma sociedade de poucas oportunidades.

A OPINIÃO DE NETINHO DE PAULA SOBRE O ASSUNTO:

Olha, primeiramente eu queria parabenizar a iniciativa do deputado estadual Rodolfo Costa e Silva, que protocolou, em 2003, um projeto de lei que obriga a inclusão da matéria "Prática Musical" na grade curricular das escolas públicas do Estado de São Paulo. Ao meu ver, esta ação, se implementada corretamente, será de grande valia às crianças e aos adolescentes, pois contribuirá para o pleno desenvolvimento cultural, intelectual e até de coordenação motora destes jovens. Não preciso nem mencionar a importância da música em toda a minha vida. Eu digo que, graças ao meu envolvimento com o samba quando morava na Cohab, eu contrariei as estatísticas e pude ter uma formação, ao lado do Negritude Jr., diferenciada em relação a diversos amigos de infância. Sou eternamente grato por isso!
Eu concordo com a opinião do Roberto Bueno, presidente da OMB-SP. Anualmente, muitas pessoas se graduam em Música e, portanto, possuem um amplo conhecimento sobre este curso, tornando-se profissionais capacitados para atuarem de várias formas na área. Isto poderia ser aproveitado, sem dúvida nenhuma. Mais de 50 mil músicos desempregados é um número assustador. Poderíamos, através disso, diminuir este indicador. Sinceramente, não sei se 40 horas serão suficientes para que estes professores de artes estejam totalmente habilitados a lecionarem a matéria. A expertise dos músicos tornaria o ensino ainda melhor. De uma forma geral, os jovens são resistentes às aulas teóricas. Os educadores formados no curso de música poderão dar noções mais práticas, levando os alunos a terem uma proximidade ainda maior com diferentes instrumentos. Além disso, isto ajudaria a não criar sobrecargas nos professores de artes".
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Artigo publicado na Revista músico! - nº 1 - Stembro/2009 - Págs. 14 e 15
http://www.tribunadomusico.com.br/

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